5 Filmes brasileiros "alternativos"
- Felipe Rico
- 19 de jun. de 2015
- 4 min de leitura
O dia 19 de junho é datado como o "Dia do Cinema Brasileiro". Para honrar tal data, preparei uma lista de 5 filmes nacionais alternativos, filmes produzidos longe das grandes industrias e que acabam tendo menos espaço nas salas de cinema e na grande mídia. Confira!
O Som ao Redor (2013)

Sinopse: A vida numa rua de classe-média na zona sul do Recife toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que oferece a paz de espírito da segurança particular. A presença desses homens traz tranqulidade para alguns, e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa. Enquanto isso, Bia, casada e mãe de duas crianças, precisa achar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão de seu vizinho. Uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho.
O Som ao Redor de Kleber Mendonça abalou as estruturas do cinema nacional em 2013. O filme mobilizou cadernos de culturas, os principais críticos especializados e conseguiu cutucar até a Globo Filmes. Mendonça retoma o debate da questão da identidade nacional, consegue retratar o Brasil em um único quarteirão, e o seu clima de desconforto conquista (ou não) o público.
Madame Satã (2002)

Sinopse: Rio de Janeiro, 1932. No bairro da Lapa vive encarcerado na prisão João Francisco (Lázaro Ramos), artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos. Após deixar o cárcere, João passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua "esposa"; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), sem amante e também traidor; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste ambiente que João Francisco irá se transformar no mito Madame Satã, nome retirado do filme (1932), dirigido por Cecil B. deMille, que João Francisco viu e adorou.
O filme de estreia do diretor Karim Aïnouz e que lançou Lázaro Ramos estreou sob a sombra de Cidade de Deus em 2002, mas seu impacto não passou despercebido pela crítica. Com um roteiro poderoso e uma atuação impecável de Lárazo, o filme aborda a vida João Francisco dos Santos, personagem que sofre todos os tipos de preconceito que um ser humano pode sofrer, já que é negro, pobre, analfabeto e homossexual, e que encontra uma saída dessa exclusão em mundo já excluído (a Lapa dos anos 30) ao incorporar uma personagem num baile e vence o concurso de fantasias - o traje, de nome Madame Satã.
Estômago (2007)

Sinopse: Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni (Carlo Briani), o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).
Nada resume melhor o filme que a descrição no site do mesmo: "Estômago é a história da ascensão e queda de Raimundo Nonato, um cozinheiro com dotes muito especiais. Trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir o poder. E pode ser definido como uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária."
Febre de Rato (2012)

Sinopse: Febre do rato é uma expressão popular típica da cidade de Recife (localizada na Região Nordeste do Brasil), que designa alguém que está fora de controle, alguém que está danado. E é assim que Zizo, um poeta inconformado e de atititude anarquista, chama um pequeno tablóide que publica às próprias custas. O personagem está sempre às voltas com o universo que criou ao seu redor. Um mundo todo particular, onde saciar os desafortunados é uma mistura de benefício com altas doses de maldade. Um dia todas as convicções de Zizo parecem ruir ao se deparar com Eneida, a consciência contemporânea e completamente periférica. As relações de Zizo entram em conflito e todos que fazem parte do jogo festivo do anarquista se manifestam de forma egoísta. O conflito entre o indivíduo e a coletividade se instaura.
É um filme intenso, expõe a sexualidade e a poesia duma forma bruta. É indescrítivel.
O Cheiro do Ralo (2006)

Sinopse: Lourenço (Selton Mello) é o dono de uma loja que compra objetos usados. Aos poucos ele desenvolve um jogo com seus clientes, trocando a frieza pelo prazer que sente ao explorá-los, já que sempre estão em sérias dificuldades financeiras. Ao mesmo tempo Lourenço passa a ver as pessoas como se estivessem à venda, identificando-as através de uma característica ou um objeto que lhe é oferecido. Incomodado com o permanente e fedorento cheiro do ralo que existe em sua loja, Lourenço vê seu mundo ruir quando é obrigado a se relacionar com uma das pessoas que julgava controlar.
"De todas as coisas que eu tive, as que mais me valeram, das que mais sinto falta, são as coisas que não se pode tocar. São as coisas que não estão ao alcance das nossas mãos. São as coisas que não fazem parte do mundo da matéria."
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